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Memória: Mazza trabalhou por sete décadas com coragem e bom humor

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Memória: Mazza trabalhou por sete décadas com coragem e bom humor

Foto: Luiz Geraldo Mazza em parceria com José Wille na apresentação das notícias da antiga Rádio CBN Curitiba 90.1 FM por 18 anos.

Obituário na Folha de São Paulo em de outubro de 2024

Mauren Luc

 

Formado em direito pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), Luiz Geraldo Mazza fez carreira no jornalismo. Começou a escrever no “Estado do Paraná” na década de 1950, passando ainda por “Diário do Paraná”, “Última Hora”, “Correio de Notícias”, “Indústria e Comércio”, “Diário da Tarde”, “Diário do Comércio” e “TV Paranaense”. Esteve também nesta “Folha” entre 1962 e 1963.

Mazza assinou uma coluna na “Folha de Londrina” até 2024 e atuou como comentarista na Rádio CBN Curitiba durante 25 anos, 18 deles ao lado de José Wille: “Era bom analista, conseguia explicar a política com coragem para trazer os bastidores, muitas vezes antecipando o que os veículos divulgariam.”

Com gosto e talento para conversa, conquistou fontes e tinha acesso a informações privilegiadas. “Ele publicava o que muitos não queriam. Foi importante para quebrar o conservadorismo da mídia curitibana”, acrescenta Wille.

Para Adriana De Cunto, chefe de redação da “Folha de Londrina”, o Paraná perdeu seu maior colunista político. “Foi repórter, editor, colunista, cronista. Muito inteligente, dono de uma memória incrível. Ético, preciso, relevante, bem-humorado”, afirma.

“Publicou milhares de artigos, tornando-se o mais profícuo jornalista paranaense de todos os tempos”, destacou a Academia Paranaense de Letras, da qual Mazza era membro desde 1998.

O governador Ratinho Junior (PSD) ressaltou o estilo “inconfundível” de noticiar do jornalista. “Sabia como poucos dos bastidores da política.”

Nascido em Paranaguá, no litoral paranaense, numa família de dez irmãos de ascendência italiana e portuguesa, mantinha sempre o bom humor. Foi casado por 65 anos com Lucy Werneck Mazza. Exerceu ainda a função de procurador do Estado.

“Era muito divertido, com uma memória privilegiada e de muita opinião. Não tinha medo de errar, tinha segurança das suas análises com fatos, o que incomodava muita gente no mundo político. Era imprevisível e provocador. Gostava de manter a história viva do estado. Participou de muitos movimentos, manifestações e greves”, observa o neto e também jornalista Luiz Geraldo Mazza Neto.

“Ele respirava jornalismo, era a vida dele, fazia com prazer. Mesmo internado, gravava”, conta a filha Liana Mazza Milicio. “Também gostava de pescar e de futebol. Era torcedor do Coritiba e chegou a escrever, em 1970, uma revista para o time, chamada Cori Gigante.”

Mazza morreu em 10 de setembro, aos 93 anos, de insuficiência respiratória. Deixa quatro filhos, seis netos e sete bisnetos.

*Folha de São Paulo em 5 de outubro de 2024.

 

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